sábado, 15 de agosto de 2009

tenho tudo quanto quero

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Belo Belo Belo,
Tenho tudo quanto quero.
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Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo -- que foi? passou -- de tantas estrelas cadentes.
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A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
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O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
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Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
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Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
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As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
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Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
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-- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
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Manuel Bandeira
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