sábado, 8 de agosto de 2009
sai desse troço!
.
.
Antidedicatória
Há dias de perceber
Do quanto moídos fomos,
Apenas areia no ralo.
Há dias em que, de fato,
O que seria alimento
É só resíduo do prato.
Há dias sobrando pranto,
Esses em que o girassol
É só o sol sem encanto.
Há dias de noites,
Terríveis penumbras,
Atmosferas netunas.
Há dias de amargura,
Em que o maior brilho
É só o coração de luto.
Há dias sem espetáculo
E todo o circo vazio
É a sua vaia, palhaço.
Há dias em que o mar
É só uma lágrima distante,
Numa eternidade fria.
Há dias em que o sorriso
É só o eco de um vento
Vazio, opaco, sem folhas.
Há dias de se re-voltar
Contra toda a sem-poesia
Que nos mantém numa bolha.
Há dias de dizer: “Seu moço!
-- E de se ouvir no fundo, no fundo... --
Sai desse troço!”
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Luiz Martins da Silva
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Antidedicatória
Há dias de perceber
Do quanto moídos fomos,
Apenas areia no ralo.
Há dias em que, de fato,
O que seria alimento
É só resíduo do prato.
Há dias sobrando pranto,
Esses em que o girassol
É só o sol sem encanto.
Há dias de noites,
Terríveis penumbras,
Atmosferas netunas.
Há dias de amargura,
Em que o maior brilho
É só o coração de luto.
Há dias sem espetáculo
E todo o circo vazio
É a sua vaia, palhaço.
Há dias em que o mar
É só uma lágrima distante,
Numa eternidade fria.
Há dias em que o sorriso
É só o eco de um vento
Vazio, opaco, sem folhas.
Há dias de se re-voltar
Contra toda a sem-poesia
Que nos mantém numa bolha.
Há dias de dizer: “Seu moço!
-- E de se ouvir no fundo, no fundo... --
Sai desse troço!”
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Luiz Martins da Silva
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