domingo, 21 de setembro de 2008

um rio em tons de Rosa


Agruras e farturas

Foi há muito, mas
Revisitam-me ainda seixos
De um intermitente rio.

Um viço restante de ramagem,
Fartum de abelhas,
Flores sem castas.

Pelas encostas e ribanceiras
Salobres saberes,
Ressequidos olhos d'água.

Vão-se lá, muito ao longe,
Tanger de chocalhos,
Andrajosos arreios.

Aurora, quase dia,
Resistindo a fé em aconchegos,
Breves, quase braseiros.

Tempos rudes,
Secos açudes
Calosidades.

Sem colos,
Sem mimos.
Caatinga, arranhão, arrimos.

Coração escavado,
Umidades fundas,
Mágoas remotas de últimos veios.

Um dia, tudo à tona,
Lágrimas, pingos, rios,
Vozerios, gozos, inundações.

Fluir e refluir,
Polpas, imagens
De um tempo sem estações.

Agora, apenas cicatrizes,
Líricos, felizes traços
De águas sem enxovalhos, abraços.


(Luiz Martins da Silva)
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